PERFIL EPIDEMIOLÓGICO E PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM EM PACIENTES INFARTADOS NOS ÚLTIMOS 10 ANOS
João Felício Corcini Magalhães de Castro e Vanessa Alves da Silva Rodrigues. Perfil epidemiológico e principais diagnósticos de enfermagem em pacientes infartados nos últimos 10 anos. Revista Saúde Dinâmica, vol. 6, 2024. Faculdade Dinâmica do Vale do Piranga.
Recebido em: 18/07/2024 Aprovado em: 12/09/2024 Publicado em: 20/09/2024
SAÚDE DINÂMICA – Revista Científica Eletrônica FACULDADE DINÂMICA DO VALE DO PIRANGA
16ª Edição 2024 | Ano VII- e062407 | ISSN – 2675-133X
DOI: 10.70406/2675-133X.2024.284
2º semestre de 2024
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO E PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM EM PACIENTES INFARTADOS NOS ÚLTIMOS 10 ANOS
EPIDEMIOLOGICAL PROFILE AND MAIN DIAGNOSIS OF NURSING IN INFARCTED PATIENTS IN THE LAST 10 YEARS
João Felício Corcini Magalhães de Castro 1, Vanessa Alves da Silva Rodrigues2.
1 Discente do curso de Enfermagem, Faculdade Dinâmica do Vale do Piranga. Rua G, 205 - Paraíso, Ponte Nova - Minas Gerais. Orcid: https://orcid.org/0009-0002-1052-1240.
2 Docente no curso de Enfermagem, Faculdade Dinâmica do Vale do Piranga. Rua G, 205 - Paraíso, Ponte Nova - Minas Gerais. Orcid: https://orcid.org/0000-0003-3898-049X.
Autor correspondente: joaofelicio11@gmail.com
RESUMO
O estudo tem como objetivo traçar perfil epidemiológico dos pacientes infartados no Brasil, por meio da descrição dos principais sinais, sintomas e causas que levaram até o infarto e a realização dos principais diagnósticos de enfermagem segundo o NANDA-I. A estratégia metodológica trata-se de uma revisão integrativa da literatura, construída mediante um levantamento de dados na BVS. A pesquisa bibliográfica resultou, inicialmente, em um total de 80 artigos com os descritores Infarto Agudo do Miocárdio AND Perfil Epidemiológico e 596 com os descritores Infarto Agudo do Miocárdio AND Diagnóstico de enfermagem, chegando a 4 e 2, respectivamente ao final. Pode-se observar a prevalência na população masculina, faixa etária entre 51 e 70 anos, além de um perfil de pessoas que possuem fatores de risco a ter o IAM, os diagnósticos encontrados foram débito cardíaco diminuído, mobilidade física prejudicada, padrão respiratório ineficaz, déficit no autocuidado, dor aguda, risco de intolerância à atividade, estilo de vida sedentário, conforto prejudicado e a ansiedade como os principais para o IAM. Portanto, através do estudo foi possível traçar o perfil epidemiológico dos pacientes infartados, além da identificação dos principais diagnósticos de enfermagem.
The study aims to outline the epidemiological profile of heart attack patients in Brazil, by describing the main signs, symptoms and causes that led to the heart attack and making the main nursing diagnoses according to NANDA-I. The methodological strategy is an integrative literature review, constructed through a data survey in the VHL. The bibliographic research initially resulted in a total of 80 articles with the descriptors Acute Myocardial Infarction AND Epidemiological Profile and 596 with the descriptors Acute Myocardial Infarction AND Nursing Diagnosis, reaching 4 and 2, respectively at the end. It is possible to observe the prevalence in the male population, aged between 51 and 70 years, in addition to a profile of people who have risk factors for AMI, the diagnoses found were decreased cardiac output, impaired physical mobility, ineffective breathing pattern, deficit in self-care, acute pain, risk of activity intolerance, sedentary lifestyle, impaired comfort and anxiety as the main factors for AMI. Therefore, through the study it was possible to outline the epidemiological profile of heart attack patients, in addition to identifying the main nursing diagnoses.
De acordo com o Ministério da Saúde, o infarto agudo do miocárdio (IAM) é definido como uma condição em que ocorre a morte de células do músculo do coração, em razão de uma formação de coágulos que ocasionam na interrupção do fluxo de sangue de forma súbita e intensa (Brasil, 2023).
O IAM representa a principal causa de morbidade e mortalidade no Brasil e no mundo, impactando significativamente a saúde pública e a qualidade de vida da população. Atualmente é a maior causa de óbito no Brasil, o que corresponde a um número entre 300 e 400 mil óbitos anuais, onde em cada a sete casos registrados, ocorreram cinco óbitos (Brasil, 2023).
O risco de desenvolver IAM aumenta com a idade, colesterol elevado, diabetes, tabagismo, obesidade e histórico familiar da doença. Os sintomas mais comuns do IAM incluem dor no peito persistente, de início súbito e intensidade forte, localizada na região do esterno e irradiando para o braço esquerdo e mandíbula. Essa dor pode ser acompanhada de suor, náuseas, vômitos, palidez e até mesmo desmaio (Meneses et al., 2020).
Em relação ao tratamento de IAM, há três métodos principais: angioplastia coronariana; cirurgia de revascularização miocárdica; tratamento medicamentoso, a depender da gravidade do acometimento da obstrução de fluxo sanguíneo (Silva et al., 2020). A falta de assistência rápida a um paciente com infarto agudo do miocárdio (IAM) pode levar a diversas complicações graves, algumas delas fatais. Entre as principais complicações estão: insuficiência cardíaca, arritmias cardíacas fatais, rompimento do miocárdio, insuficiência das válvulas, insuficiência cardíaca aguda (Passinho et al., 2018).
A enfermagem, como área fundamental na assistência à saúde, assume um papel crucial e de suma importância no cuidado de pacientes com IAM. A atuação do enfermeiro ocorre na prevenção, promoção, tratamento e reabilitação, desde a fase aguda até a reintegração social do indivíduo (Meneses et al., 2020).
As ações priorizadas pelo profissional de enfermagem no atendimento ao paciente infartado abrangem a realização de eletrocardiograma, monitoramento cardíaco, coleta de enzimas cardíacas, administração de oxigênio, obtenção de anamnese e histórico breve, aferição de glicemia capilar e punção venosa periférica de grosso calibre (Meneses et al., 2020).
Umas das ferramentas a ser utilizada pelo profissional de enfermagem para auxiliar no tratamento do IAM é Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), que é um conjunto de métodos e ferramentas que organiza o trabalho do enfermeiro, com base em teorias e
filosofias da área. Essa organização permite a aplicação do Processo de Enfermagem (PE), que também se baseia em teorias e filosofias, para oferecer um cuidado individualizado e de qualidade aos pacientes (Oliveira et al., 2019).
O uso da SAE é essencial para garantir a segurança da assistência prestada pela equipe de enfermagem. Ela fornece aos profissionais os recursos técnicos, científicos e humanos necessários para realizar seu trabalho com competência e eficiência. Além disso, a SAE contribui para a melhoria da qualidade da assistência, pois permite a avaliação e o aprimoramento contínuo das práticas de enfermagem. (Oliveira et al., 2019).
Na Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), o diagnóstico de enfermagem se destaca como uma etapa crucial, na qual o profissional utiliza seu conhecimento científico para identificar e compreender os problemas de saúde do paciente. Essa etapa é essencial para o planejamento individualizado da assistência, pois permite ao enfermeiro direcionar suas ações de forma eficaz. Vale ressaltar que a SAE é uma metodologia privativa da profissão, o que garante a expertise e a qualidade do cuidado prestado ao paciente (Pompeo; Rossi; Galvão, 2009).
Além disso, o profissional de enfermagem tem a taxonomia de enfermagem NANDA- I, que é um instrumento fundamental para a SAE em pacientes com infarto agudo do miocárdio (IAM). Ela facilita a comunicação eficaz entre os profissionais de saúde, aumenta a precisão do diagnóstico, permite a individualização do cuidado e otimiza os resultados clínicos. O uso da terminologia padronizada da NANDA-I contribui para a excelência da prática profissional em enfermagem e garante a entrega de um cuidado de alta qualidade aos pacientes com IAM (Santana et al., 2021).
Ações imediatas e precisas da equipe de enfermagem são cruciais no atendimento ao paciente com infarto agudo do miocárdio (IAM). Isso garante a minimização de complicações e o melhor prognóstico para o paciente. Para tanto, a qualificação adequada dos profissionais é fundamental. O conhecimento aprofundado sobre os sinais e sintomas do IAM permite um diagnóstico preciso e um tratamento eficaz, minimizando os riscos à saúde do paciente (Muller, 2019).
O estudo tem como objetivo traçar perfil epidemiológico dos pacientes infartados no Brasil, por meio da descrição dos principais sinais, sintomas e causas que levaram até o infarto e a realização dos principais diagnósticos de enfermagem segundo o NANDA-I.
De acordo com Souza et al., (2010), a revisão integrativa é uma abordagem de pesquisa que possibilita a busca, a avaliação crítica e a síntese das evidências disponíveis sobre o tema investigado. Seu propósito é apresentar o panorama atual do conhecimento relacionado ao tópico, incorporando resultados relevantes de estudos significativos na prática clínica e de saúde.
A pergunta que norteou a pesquisa foi: Como se apresenta o perfil epidemiológico de pacientes infartados? Quais são os principais diagnósticos de enfermagem segundo NANDA-I em pacientes enfartados nos últimos 10 anos?
A estratégia de busca das produções científicas foi realizada na base de dados Biblioteca Virtual de Saúde – BVS. Buscou-se apresentar uma revisão integrativa da literatura, através da busca eletrônica de artigos em periódicos brasileiros.
O período de coleta dos artigos foi entre os meses de abril e maio de 2024. A busca ocorreu por meio da combinação dos descritores em ciências da saúde DeCS: “Perfil Epidemiológico”, “Infarto Agudo do Miocárdio” e "Diagnósticos de Enfermagem”. Como operador booleano para busca foi utilizado o AND.
Foram adotados os seguintes critérios para seleção: a) artigos originais; b) texto completo; c) artigos publicados nos últimos dez anos (2014 a 2024); d) idioma português; e) artigos que contenham temas relacionados ao perfil epidemiológicos e diagnósticos de enfermagem para o tratamento dos pacientes que tiveram infarto agudo do miocárdio; f) publicações não pagas. Já o critério de exclusão dos artigos foram: a) estudos que não atendem os critérios de inclusão mencionados; b) duplicidade; c) artigos publicados antes de 2014; d) artigos pagos.
Posteriormente, foi utilizado um instrumento de coleta de dados, elaborado pelos pesquisadores para avaliação das publicações selecionadas. Ele contemplou os itens: autor, título, tipo de estudo, objetivo e resultados. Os estudos foram explorados e os dados digitados no banco de dados do Microsoft Excel para análise estatística descritiva. Em seguida, foram difundidos em tabelas para a síntese das informações dos periódicos.
A pesquisa bibliográfica realizada resultou, inicialmente, em um total de 80 artigos com os descritores Infarto Agudo do Miocárdio AND Perfil Epidemiológico e 596 com os descritores Infarto Agudo do Miocárdio AND Diagnóstico de enfermagem na base de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Após a aplicação dos filtros (critérios de inclusão), os resultados encontrados foram de 29 e 35, respectivamente. Esses números reduziram para 9 e 6 após a leitura dos resumos e 4 e 2 após a leitura total. Os fluxogramas a seguir ilustram os processos de exclusão e seleção dos artigos:
Registros excluídos pela leitura do resumo:
(n = 20)
Identificação
Registros identificados por meio de pesquisa utilizando a base de dados BVS com os descritores ‘Infarto Agudo do Miocárdio’ e ‘Perfil Epidemiológico’, operador booleano AND.
(n=80 )
Registros excluídos por leitura do título, idioma, ano de publicação e duplicidade:
(n= 51)
Artigos incluídos (n=4)
Registros selecionados: (n = 29 )
Registros selecionados: (n = 9)
Registros excluídos pela leitura do texto completo:
(n = 4)
Seleção
Inclusão
O segundo fluxograma representa como ocorreu o processo de seleção na base de
dados.
Registros identificados por meio de pesquisa utilizando a base de dados BVS com os descritores ‘Infarto Agudo do Miocárdio’ e ‘Diagnostico
Enfermagem’ booleano AND.
de operador
Registros excluídos por leitura do título, idioma, texto completo, ano de publicação e duplicidade: (n= 561)
Artigos incluídos (n=2)
Registros selecionados: (n = 35)
Registros selecionados: (n = 6)
Registros excluídos pela leitura do texto completo:
(n = 4)
Seleção
Registros excluídos pela leitura do resumo:
(n = 29)
Identificação
Inclusão
Após a seleção dos artigos, foi elaborado um quadro com as seguintes informações: título, autor, ano de publicação, objetivo, metodologia e principais resultados, a fim de contribuir com a análise dos dados obtidos:
Título | Autor (ano de publicação) | Objetivo | Metodologia | Principais resultados |
Caracterização Das Vítimas De Infarto Do Miocárdio Admitidas Em Uma Unidade Coronariana | SOARES, Danielle Santana et al., 2019. | Caracterizar as vítimas de infarto agudo do miocárdio admitidas em uma unidade de terapia intensiva coronariana de um hospital no sul do estado de Mato Grosso. | Estudo transversal com amostra composta por 213 pacientes admitidos na unidade coronariana de um hospital no sul de Mato Grosso. | Foram 67,6% são do sexo masculino, 31,9% apresentaram idade entre 65 e 74 anos, sendo 58,2% provenientes dos serviços de urgência e emergência. |
Diagnóstico De Enfermagem Em Pacientes Com Infarto Do Miocárdio: Estudo Longitudinal | SANTOS, Bianca Cristina de Almeida et al., 2021. | Identificar o diagnóstico de enfermagem prioritário no paciente pós- infarto do miocárdio com supra - desnivelamento do segmento ST. | Estudo observacional, longitudinal, prospectivo, realizado com 54 pacientes de ambos os sexos, admitidos na fase aguda do infarto durante os primeiros cinco dias pós-infarto (D1 a D5), em um hospital de ensino. | O diagnóstico de enfermagem de maior incidência no D1 pós-infarto foi Débito cardíaco diminuído, seguido por padrão respiratório ineficaz e dor aguda. |
Diagnósticos de enfermagem segundo a teoria do autocuidado em pacientes com infarto do miocárdio | CUNHA, Gilmara Holanda et al., 2018. | Identificar os diagnósticos de enfermagem em pessoas com infarto do miocárdio em emergência hospitalar, segundo a teoria do autocuidado de orem. | Estudo transversal, realizado de fevereiro a agosto de 2016, com 50 pacientes infartados e que estavam em condições de participar da pesquisa. | Muitos infartados apresentavam déficits de autocuidado que apontaram 10 diagnósticos de enfermagem, destacando-se o estilo de vida sedentário (80%), mobilidade física prejudicada (76%) e risco de intolerância à atividade (76%). |
Perfil dos pacientes atendidos por infarto agudo do miocárdio | MOREIRA, Márcia Adriana Dias Meirelles et al., 2018. | Analisar o perfil dos pacientes com diagnóstico de infarto agudo do miocárdio. | Trata-se de um estudo epidemiológico retrospectivo, cujas informações foram obtidas por meio de consulta ao Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde, do período de janeiro de 2012 a dezembro de 2016. | O perfil dos atendimentos foi marcado por pacientes do sexo masculino (63,42%), nas faixas etárias de 60 aos 69 anos, de raça branca, atendidos predominantemen te no sistema privado (66,47%). |
Assistência Aos Pacientes Submetidos A Cateterismo Cardíaco Em Uma Urgência Hospitalar | LUCENA, Kerle Dayana Tavares et al., 2016. | Apresentar o perfil dos pacientes que se submeteram ao cateterismo cardíaco e a assistência dispensada na urgência hospitalar | Estudo descritivo de abordagem quantitativa composto por 60 indivíduos que realizaram o procedimento, coleta de dados ocorreu através de questionários. | Prevalência de usuários do sexo masculino, entre 51-65 anos e com menos de seis anos de estudo. |
Perfil Da População Acometida Por Infarto Agudo Do Miocárdio | ARAÚJO, Isabella Félix Meira et al., 2016. | Caracterizar o perfil da população acometida por infarto agudo. | Estudo descritivo, retrospectivo, de análise documental, com abordagem quantitativa, realizada na unidade de Emergência do Hospital Geral Prado Valadares de Jequié (BA), Brasil. | 66% dos infartados eram do sexo masculino e 34% do sexo feminino, com média de 65,3 anos |
Fonte: Elaborado pelos autores, 2024. A partir dos dados pontuados na tabela acima e baseado na leitura na íntegra, observa-
se que todos os artigos selecionados a partir do quadro 1 relaciona diretamente ao perfil dos
pacientes vítimas infarto agudo do miocárdio, onde foi possível observar que os fatores ambientais, físicos e genéticos têm grande relação e contribuem diretamente para o quadro de infarto. O quadro 2 em que relaciona aos diagnósticos de enfermagem relacionados ao infarto,
foi notório a partir dos diagnósticos, que pacientes vítimas de infarto, têm grandes prejuízos respiratórios, físicos, além de prejuízos psicológicos.
Além disso, é importante ressaltar a dificuldade de encontrar materiais relacionados ao assunto e que se adequassem aos filtros utilizados. Além de ser observado poucos artigos que traçam este o perfil epidemiológico, assim como os diagnósticos relacionados ao infarto agudo do miocárdio.
Segundo Porto, (2023), a prevalência de infarto no Brasil ocorre principalmente dentre a população masculina. O que corrobora com o perfil dos pacientes que sofreram infarto em relação ao sexo dentre os artigos selecionados, com um número maior de casos registrados para a população masculina. A variação em relação ao sexo masculino foi entre 62% e 67,67% nos artigos pesquisados.
De acordo com Soares et al., (2020), 67,6% dos pacientes vítimas de IAM são do sexo masculino, um número muito próximo ao estudo de Araújo et al., (2016), que apontou 66% dos casos também sendo do sexo masculino. Já o trabalho de Moreira et al. (2018) obteve aproximadamente 63% dos pacientes do sexo masculino, valor bem próximo aos 62% dos casos levantados por Lucena et al., (2016).
A correlação ao sexo masculino ser mais acometido ocorre principalmente pelos hábitos de vida menos saudáveis, como serem a população que mais fuma e ingerem bebidas alcoólicas, uma menor prática de exercícios físicos, alimentação pouco balanceada e saudável, além da população masculina não procurarem periodicamente por consultas médicas, apenas quando tem agudização de eventos (Gilberto, 2020).
A análise dos estudos revela que o infarto agudo do miocárdio acomete principalmente a população idosa. A faixa etária mais suscetível se encontra entre 51 e 70 anos, com o estudo de Moreira et al., (2018) identificando um pico de incidência entre 60 e 69 anos. Destaca-se este estudo por apresentar dados nacionais abrangentes, assim alinhados à realidade brasileira.
O IAM é mais comum em pacientes idosos em razão dos fatores de risco associados com a idade, devido à presença de doenças pré-existentes, diabetes e hipertensão, além de outros fatores como obesidade, sedentarismo, hábitos alimentares e de saúde. Esses fatores afetam diretamente o sistema cardiovascular, e posteriormente o passar dos anos, comprometem cada vez mais este sistema, assim levando ao quadro do infarto (Henrique et al., [s.d.]).
A análise da raça/cor autodeclarada dos pacientes revelou resultados divergentes entre os estudos. Lucena et al., (2016) e Araújo et al., (2016) observaram predomínio da raça branca, enquanto Moreira et al., (2018) identificou maior incidência em pardos. Soares et al., (2020) não abordou essa variável. O que diverge da literatura, que aponta que a população negra, por terem mais riscos cardiovasculares associados à cor/raça, principalmente por terem predisposição a terem hipertensão arterial, um dos principais fatores determinantes ao infarto, tem maiores chances de ter infarto e outras doenças relacionadas ao sistema cardiovascular (Josué, 2005).
O desenvolvimento de infarto agudo do miocárdio está intimamente associado a diversos fatores de risco, categorizados em modificáveis e não modificáveis (Mathioni Mertins et al., 2016). Esses fatores de riscos são abordados nos estudos de Lucena et al., (2016) e Araújo et al., (2016), que revelaram que todos os pacientes vítimas de infarto tinham algum risco, em ambos os estudos os sedentários juntamente ao sobrepeso, foram os fatores de maior abrangência, seguido de doenças pré-existentes, em especial a hipertensão arterial e diabetes.
O enfermeiro diante disso, tem o papel de grande importância na identificação destes fatores, além de ser responsável pela promoção, prevenção e reabilitação dos pacientes vítimas do infarto, e do conhecimento prévio de sinais e sintomas. (Frazão; Deininger, 2021).
Sabe-se ainda que traçar os diagnósticos de enfermagem é de suma importância para recuperação e manutenção da saúde do paciente (Azevedo et al., 2022). Perante o exposto foi possível através da análise dos artigos, identificar os principais diagnósticos para o tratamento. Uma das ferramentas utilizadas pelo enfermeiro para otimizar o cuidado oferecido ao paciente nas diferentes áreas de atenção à saúde é a aplicação da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), buscando definir os problemas apresentados pelo paciente, a estratégia de cuidado a ser implementada e a avaliação dos resultados obtidos (Freitas; Padilha, 2020).
A identificação dos diagnósticos de enfermagem em pacientes com infarto agudo do miocárdio, compõe o processo de enfermagem, sendo uma das etapas mais importantes da SAE, pois direciona intervenções que serão adotadas para o tratamento, metas e resultados (Herdman et al., 2021).
sedentário, conforto prejudicado e ansiedade. Observa-se uma relação grande entre eles em relação aos efeitos causados pelo infarto, que prejudica diretamente os hábitos de vida dos
Os principais diagnósticos encontrados nos estudos Santos et al., (2021) e Cunha et al., (2018) foram débito cardíaco diminuído, mobilidade física prejudicada, padrão respiratório ineficaz, déficit no autocuidado, dor aguda, risco de intolerância à atividade, estilo de vida
pacientes que tiveram infarto, causando de acordo com os estudos um aumento do sedentarismo, que é um risco futuro a estes pacientes.
Os diagnósticos de mobilidade física prejudicada e risco de intolerância à atividade estão intimamente interligados, com implicações importantes para o autocuidado do indivíduo. A mobilidade física prejudicada, caracterizada por dispneia aos esforços e dor precordial, pode limitar a capacidade de realizar atividades físicas, enquanto o risco de intolerância à atividade, associado a problemas circulatórios, exige medidas de autocuidado para prevenir o agravamento da condição (Herdman et al., 2021).
O diagnóstico de ansiedade, a dor, e obesidade, são fatores relacionados ao diagnóstico de padrão respiratório ineficaz, além do conforto prejudicado, levando consequentemente a estilo de vida sedentário (Herdman et al., 2021).
Em relação débito cardíaco diminuído é resultado da fisiopatologia do IAM, caracterizada pela necrose do tecido cardíaco devido à obstrução do fluxo sanguíneo coronário, levando à redução da contratilidade miocárdica, alterações na ritmicidade cardíaca e disfunção diastólica, culminando na diminuição do volume de sangue bombeado a cada batimento (Herdman et al., 2021).
Os resultados demonstram que os diagnósticos listados são fundamentais para o desenvolvimento de um plano de cuidados assertivo para o paciente acometido pelo IAM. O cuidado do enfermeiro deve obter de conhecimentos de fatores determinantes que pode desencadear a evolução do IAM abstendo-se de conhecimento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), já que a patologia está relacionada a fatores modificáveis como tabagismo, inatividade física, alimentação inadequada, obesidade, dislipidemia e consumo de álcool e outras drogas que justamente são gatilhos para doenças cardiovasculares, entre elas o IAM (Medeiros et al., 2020).
O enfermeiro deve estar munido de conhecimentos técnicos e científicos atualizados, assumindo um papel crucial no planejamento da assistência ao paciente. Através do diagnóstico preciso, extraído de uma análise criteriosa da avaliação de enfermagem (anamnese e exame físico), o profissional fundamenta suas intervenções na prescrição de enfermagem, garantindo um cuidado integral, seguro e de qualidade (Tannure; Pinheiro, 2011). A falta dessa expertise, como alerta Lunney (2004), compromete a assistência e coloca em risco a saúde do paciente. Dominar os diagnósticos de enfermagem torna-se, portanto, essencial para a excelência profissional, e são fundamentais para o desenvolvimento do plano de cuidado para o paciente que foi acometido pelo IAM (Lunney 2004).
Através da análise tanto do perfil dos pacientes infartados quanto dos principais diagnósticos, foi possível identificar que os hábitos de vida e condições de saúde pré-existentes e a identificação precoce da sintomatologia é um dos principais problemas quando relacionado ao infarto agudo do miocárdio, além de ser muito comum na população com maior idade, com isso podendo trazer maiores consequências.
A partir das informações reunidas para a elaboração da pesquisa, percebe-se os maiores indicadores entre os indivíduos do sexo masculino, com faixa etária mais avançadas e raça/cor brancos e pardos. Assim sendo, recomenda-se que as organizações dos serviços de saúde considerem estes indicadores para poderem elaborarem ações voltadas a saúde pública e na proposição de intervenções capazes de mitigar os problemas em observados, assim podendo proporcionar qualidade de vida e maior expectativa de vida, especialmente a mais idosa, que é a mais acometida pela problemática.
Este estudo permitiu ainda identificar os principais diagnósticos presentes em pacientes vítimas de infarto agudo do miocárdio, sendo eles débito cardíaco diminuído, mobilidade física prejudicada, padrão respiratório ineficaz, déficit no autocuidado, dor aguda, risco de intolerância à atividade, estilo de vida sedentário, conforto prejudicado e a ansiedade. Diante disso, foi possível identificar que os diagnósticos de enfermagem buscam proporcionar cuidado humanizado e individualizado, ter intervenções precisas e eficazes, através disso, buscar melhoria da qualidade de vida do paciente e possibilitar a luta dessa doença tão desafiadora para a população brasileira.
Portanto, os objetivos da pesquisa foram abordados de forma que chegaram ao propósito, além de contribuir para melhoria da qualidade de vida e na qualidade de atendimento da população, reunindo informações relevantes e buscando esclarecer as características e perfil dos casos, causas, importância da descoberta precoce e do tratamento. Sugere-se após a realização do estudo, que é necessário um rastreamento amplo, principalmente a população mais acometida, visando assim evitar que esses pacientes sofram maiores consequências.
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Os autores declaram não haver nenhum conflito de interesse
Financiamento próprio
O presente artigo foi escrito por João Felício Corcini Magalhães de Castro e Vanessa Alves da Silva Rodrigues, projetado e concluído no Trabalho de Conclusão de Curso do curso de Enfermagem da Faculdade Dinâmica do Vale do Piranga (FADIP). Todos os autores cuidaram da parte dissertativa do artigo.